segunda-feira, 6 de maio de 2013

Monólogo do caderno


 
Enfim, perdi o meu carinho por você!

Hoje me dei conta das tantas vezes em que me magoei com as suas rabiscadas em meus manuscritos. Preencheu-me com muitos verbos, mas me borrou com muita força também. Procurei no seu estojo as atitudes de amor e verdadeira parceria e não as encontrei.

Achei algumas folhinhas perfumadas com meia dúzia de palavras bonitas, ma as rochas preciosas que um dia imaginei decorar minha contra capa não estavam lá, nunca estiveram, não as ganhei.

Então percebi que no fundo mesmo, bem lá no limite da página não existe lealdade, nem verdade, nem raízes.

Contudo, embora embriagada de todas as certezas, só lamento o carinho que perdeu, pois este não se tornou imortal, nem infinito, apenas durou o tempo que a tua ação matou.
 
By Anne Alves

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