domingo, 23 de dezembro de 2018

Meu mais íntimo desabafo!


Texto escrito em junho de 2016

Depois de nove meses (o tempo de uma gestação), chegou à hora de desabafar.
“Palavras são erros, e os erros são seus...” Assim é fácil né? Continuemos com a letra da canção... “Não quero lembrar que eu erro também...” Essa é uma boa reflexão para entender que antes de julgar o próximo, precisamos olhar para o nosso próprio umbigo e nos questionarmos sobre o que entendemos por erro, consequência, consciência, maturidade, consideração e amor! Ponto. (Lembre-se, a reflexão deve ser recíproca, eu já fiz a minha).

Ainda que você acredite está fazendo a coisa certa, ofender, desprezar e levantar falsos tira de você a razão que outrora pensava que tinha.
Fui sim muito bem educada, tenho meus valores, minhas raízes e meu caráter que dispensa caracterizações, uma vez que quem me conhece, eu disse: CONHECE, não precisa que eu me descreva, até porque não tenho o costume de me intitular a nada, nem com nada! Mas, existem situações que se torna necessário recapitular alguns detalhes da minha história. Nasci numa cidadezinha do interior, na casa do meu avô, onde fui criada e educada por ele e minha mãezinha; somos de uma família simples, moramos numa casa simples, e fui ensinada a valorizar “sempre” o simples. Isso já torna desnecessária qualquer justificação dos atos ou palavras que alguma vez já tenha feito ou dito. Amor nunca me faltou, graças a Deus, tive e tenho a oportunidade de crescer ao lado de mulheres fortes e humanas, peculiaridades que me bastaram para construir quem sou.

Gratidão, essa é uma palavra que nunca sai do meu vocabulário, sou sim grata a muita gente e a muitas coisas que Deus me proporcionou ao longo da minha vida, se tem uma coisa que eu aprendi é a nunca esquecer a mão que me é estendida, contudo, para se cobrar é preciso dar, e o que foi mesmo que você fez por mim? E o que foi que eu já fiz por você? Eu já precisei de você? E você, será que alguma vez já precisou de mim? E quando eu errei o que foi mesmo que você fez comigo? E o que foi que eu fiz com você? Se você acha mesmo que eu errei, por que não me cobrou? Por que não me questionou¿ Você podia ter feito isso, tinha liberdade para tal ação; mas não! O caminho foi outro. E teve quem se metesse achando que tinha razão, esses fizeram o que mesmo? Hummm... me conhecem? Não! Será que esses, lá atrás, bem atrás, em outras circunstâncias não magoaram ninguém? Será mesmo que nunca debulharam dezenas de palavras e ações que feriram e entristeceram quem não devia? Acho que sim, eu lembro, vocês esqueceram? E olhe que sou bem mais jovem, e controlei minha indignação, mas... Continuemos... Pois ainda houve um ou dois que me conhecia, mas fez o quê? Será que levou em conta quem eu sou ou fingiu nunca ter cruzado na vida comigo? Esse ou essa apaziguou ou botou lenha na fogueira? Muitas perguntas né? Muitos questionamentos, muita, muita coisa envolvida!
Então vamos lá! O que significa consideração? Vamos ao dicionário: Deferência, estima ou importância que se dá a alguém. Ótimo! Maturidade: Efeito ou circunstância da pessoa que se encontra numa fase adulta; estado das pessoas ou das coisas que atingiram completo desenvolvimento: maturidade comportamental, mental etc. E por fim e mais importante, amor: Amor é um sentimento de carinho e demonstração de afeto que se desenvolve entre seres que possuem a capacidade de demonstrá-lo. O amor motiva a necessidade de proteção e pode se manifestar de diferentes formas: amor materno ou paterno, amor entre irmãos (fraterno), amor físico e etc.
Considerei muito vocês, numa proporção que não imaginam, a estima que depositei em cada um me fez desmoronar quando tudo aconteceu, maturidade, tenho conforme a minha idade, acredito ser madura conforme as minhas experiências e a minha idade cronológica me permite, e amor foi o que sempre procurei dar, retribuir, demonstrar; posso até ter pecado pelo que fiz, não pelo que disse, definitivamente nunca falei nada demais, a maldade e a má fé de quem escutou foi que a propagou cheia de veneno e fel, a cacetada que recebi foi muito maior do que qualquer demonstração de consideração, maturidade e muito menos amor. Vivi enganada por muitos anos, acreditando ser querida por quem na verdade nunca se afeiçoou a mim verdadeiramente, por quem não perdeu a oportunidade de me fazer o mal, porque vocês sim, me fizeram mal, muito mal. Cheguei a acreditar que aquele povo fosse meu, doce ilusão!

Contudo, não tenho raiva, tenho tristeza e confesso, ainda não perdoei, e isso me dói, mas não posso esconder que a minha humanidade me faz entender que perdoar é lembrar sem padecimento e isso infelizmente ainda não acontece, parece que foi ontem!

Somente eu e Deus sabemos o que vi, ouvi e vivi, aí onde vocês estão, aqui e em tantos outros cantos, por isso, antes de qualquer julgamento, antes de cuspir palavras de raiva, pensem que do outro lado tem gente e que não se cobra o mal com o mal e pior, que quando a gente ataca perde a razão. Não importa! Para mim, nada, nada, nada justifica o que ouvi ou li. Mas, nunca é tarde para afastar a bastarda de uma vez por todas, não é? A interpretação é essa.
Em suma, muita coisa mudou, dentro e fora de mim, mas quero-os bem, desejo o bem, e espero de todo meu coração que estejam todos bem. E até um dia, espero que quando nos encontremos a angustia tenha acabado.
                                                                                            By Aryanne Alves

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Minha amiga,



         A vida me deu um giro de trezentos e sessenta graus; um giro transformador, foi como uma catapulta que me lançou alto e me fez ver a vida na contramão.

       Agora estou aqui, sentada no meio fio com os braços sustentados nos joelhos e a mão na bochecha, olhando para o sol que se põe atrás das nossas serras; o cair da tarde ilumina a nossa rua, comprida e cheirando a jasmim, caem também algumas folhas das árvores e os passos que passam nas calçadas são lentos [...] Vejo pequenas luzes ao longe, são os carros indo e vindo; a calmaria da cidade me leva a pensar em tanta coisa... Então, percebo um riso vindo ao canto da boca, mas, logo uma emoção me toma e os olhos molham!

       Peguei-me a pensar no amor que temos, na cumplicidade que dividimos durante essa nossa vida. Vi-me parada, num instante de congelamento, vendo a nossa história passar pelas lembranças que carrego na memória. São inúmeros sorrisos, abraços, palavras e lágrimas... Coloco uma música no celular e esta me faz aguar o rosto... É porque eu sei que lá do outro lado da calçada encontrarei você quando eu precisar; sei que não estarei sozinha enquanto você estiver por aqui, ainda que eu não te encontre todos os dias, ainda que eu não escute a tua voz com frequência, ainda que as tuas mãos não alcancem as minhas essa semana, eu sei que sempre terei você.

       Ter um amigo é ter um irmão para a bonança e para a sequidão, para os momentos de glória e também de dor, para a saúde e para a doença... Hoje pensei em você, pensei na nossa amizade, na lealdade que nos abraça, e vi que o tempo é nosso aliado, quanto mais ele passa, mas forte ficam as nossas raízes.

       Quero ser a amiga que segurará a tua mão quando os passos já não forem tão firmes, quero ser aquela que te visitará com os cabelos branquiiinhos para ler um poema enquanto tomamos uma xícara de chá; quero arrumar a tua cama, molhar tuas plantas e te fazer sorrir produzindo uma vida leve.

       Quero abraçar-te forte, olhar nos teus olhos e dizer: Obrigada amiga, por ter estado ao meu lado até aqui. Obrigada por fortalecer a minha história.

       E enquanto esse tempo não chega vou afirmando: Amei-te na infância, amo-te na juventude e amar-te-ei na velhice, até a hora de partir, até o fim.


By Anne Alves.

Aos que estão comigo no caminho.


     Depois de uma metamorfose ressignifiquei as minhas relações. Focada no que de fato é amar, trouxe para dentro da minha alma a lealdade que conquistei na minha passagem por esta vida.

      Andar sozinho é um desafio, não sei lidar com a ausência, por esta razão, fui buscar dentro do meu ser as representações de amor que vivenciei face a face. E meu sorriso foi se escancarando ao tempo que me fragilizava, porque sou emotiva demais; as lágrimas caiam num misto de felicidade e dó.

Às vezes, sufoco o gemido para o outro não perceber a vulnerabilidade que me toma, muitas vezes excessivamente, porque as circunstâncias me deixam assim, frágil. Mas, meu coração ficou o tempo inteiro desconstruindo qualquer sensação de fraqueza, pois ele me avisou e acendeu em todas as ocasiões que o amor se materializou.

     Quando o cuidado e a importância que recebo de quem, de fato espero, a emoção me arrebata. Sim, porque quando a gente tem amigos, esperamos mesmo que eles surjam e nos dê abrigo, que eles sejam a paz que procuramos e sejam o sorriso que então nos falta. Na angústia os queremos juntinho; na caminhada, nas andanças, queremos reforçar os laços para não tropeçar sem ajuda, sem um amigo, sem alguém para segurar em nossa mão. Um amigo para estar junto até o fim.

     Nessa reflexão pensei nas flores. As flores que ficam dentro de nós e que devem resistir à sequidão, ao temporal e aos vendavais, aquelas dentro da gente, que só um amigo real consegue ver. Arrazoei as primaveras constantes que estão na alma e que um irmão alcança, ainda que algumas coisas se modifiquem, que o adubo peça reparos, que o tempo corra e a vida te leve para outros lugares; ainda assim o amigo não deixará esse arbusto murchar, sucumbir; afinal, ele ama, e ao amar olhará sempre para o nosso jardim sendo anjo, sendo cuidador!

     Diante disso, sei que enquanto a flora que está dentro de mim, conseguir ser vista por cada amigo, eles estarão por perto, estará aqui, sendo acima de tudo fiel.

    Com os meus, tenho me desmontado, silenciado meus olhos, descansado nas verdades e na confiança. Com os meus, me reacendo, me fortaleço e refaço. Meus amigos, já me salvaram tantas vezes, mostraram-me o caminho, e me cativaram, tornaram-se meus lírios, meu aroma mais suave.

    Amigos, obrigada por me embalarem quando preciso, obrigada por estarem comigo quando estou frágil, obrigada por me amarem em todas as circunstâncias. Obrigada por se fazerem presente na glória e na dor.

Amo vocês!

By Anne Alves

terça-feira, 22 de maio de 2018

Naquele tempo

Houve um tempo em que o medo não era tão constante!
Naquela época éramos programados para contemplar a simplicidade da vida que tínhamos e pra gente isso já era o suficiente para a felicidade ser presente; sobrava-nos tempo para contemplar a imensidão das nossas serras e andar de bicicleta pelas ruas da cidade.
Costumávamos dormir na calçada sobre uma esteira de palha, ouvindo pelo rádio o repertório lovesong.
Naquele tempo, mesmo aqueles que já eram mais velhos e que estavam no auge da juventude, vinham para uma partida de boleado ou sete cacos. Jogavam conversa fora no jardim e tocavam um violão. Ali, todos se agrupavam e formávamos uma única tribo.
Era um tempo onde as risadas corriam soltas, o frescor da vida era bálsamo para acordarmos no outro dia e galgar a caminhada.
 Os vizinhos eram sempre vistos, trocávamos olhares, conversas, conselhos.
Éramos conhecidos pelos nomes, apelidos e parentescos; todo mundo sabia quem era quem e quando alguém novo surgia logo o cercávamos para saber de quem se tratava.
Éramos solícitos, acolhedores!
Tenho saudade desse tempo que vivi.
Sinto falta do cheiro das plantas que tinham no jardim, sinto falta do pipoqueiro que ofertava pipocas para mim.
Tenho saudade dos bailes do clube da cidade, das tradições que se perderam com as novidades da modernidade.
Sinto saudade das pessoas que povoavam a minha cidade.
Aquele foi um tempo onde valorizávamos até a gambiarra que clareava a rua para os festejos da comunidade.
Era bom!
Era bom encontrar os amigos, sair para brincar na rua, era bom colecionar papéis de carta!
Era bom correr apenas pela brincadeira, preocupar-se somente com as estratégias do jogo, suar porque a diversão tinha sido grande!
Era bom! Naquele tempo tudo era bom!
E nós sabíamos o quanto tudo aquilo se tornaria importante para formar os adultos que hoje somos!
SAUDADE DAQUELE TEMPO!

                                                                                                                      By, Anne Alves