sábado, 14 de dezembro de 2013

Hoje, não te achei!




Já faz um tempo em que não me permito mais pensar no passado que não tive, na presença que atendia por ausência! Mas, mediante as últimas batidas do meu coração não tenho mais conseguido fugir dos pensamentos que me invadem.
Hoje mais do que qualquer outro dia do ano, ou dos últimos 10 anos, senti um incomodo, uma angústia, uma vontade de pegar o telefone e te dizer o que ficou preso em minha garganta por anos! Queria dizer do amor e do pesar que sinto! Queria falar da minha vida e saber da sua!
Corri pra casa, peguei o telefone, meu coração batia acelerado, os olhos se inundavam e a ansiedade de ouvi-lo quase não cabia em mim; mas não tive resposta... Aquele velho número já não existia mais. Então embargada na minha emoção, sentei e chorei!
Procurei-te e não te achei, queria ouvir a sua voz e dizer: Eu estou aqui!
...
Às vezes, tenho raiva de mim, tenho raiva de sentir saudade do desconhecido, sinto raiva em me pegar pensando em cenas que nunca aconteceram... Mas, isso acontece, deve ser porque eu sou gente, porque tenho coração, porque aprendi a dar valor às pessoas mesmo quando não existe reciprocidade, porque mais do que existir é necessário viver, mais do que receber é preciso se doar. Passei a minha infância te esperando... E acompanhando a canção: "As noites sabem como te esperei, não conto pra ninguém [...] se você é real, por que você não vem?" A sua falta me perturbou, me encabulou, me fazia órfã de pai vivo. Mas, hoje sou eu que quero te buscar, quero te abraçar e quem sabe enfim, poder falar do amor que sempre senti!
Hoje não te achei,não achei a voz suave de quem também me gerou, mas encontrei os sentimentos de  pesar e gratidão pois no emaranhado do meu peito me dei conta que foi a tua lacuna que fez de mim o que sou!
E eu te amo, amo porque aprendi com a vida que amar é ser generosa. E a minha vida eu devo também a você.
Quem sabe ainda haja tempo? Quem sabe um dia a gente não se encontre? E se nessa vida não for possível, que Deus possa nos dar em outras vidas o prazer de sermos pai e filha. 
Hoje estou mergulhada na saudade do que ainda não tive!
 
By Anne Alves